Os caminhos para a mudança verde na indústria automóvel em Portugal
Lider Magazine
JUN 2022
Em 2035 a União Europeia vai proibir a venda de qualquer automóvel com motor de combustão interna, nomeadamente carros a gasolina e gasóleo.
Com a necessidade urgente de acelerar a transição verde e tecnológica, o relatório “Conduzir a Mudança – o futuro do trabalho no setor automóvel português”, elaborado pela Organização Internacional do Trabalho (OIT), lança a reflexão e definição de programas de ação para a indústria automóvel, e não só.
Em Portugal, o referido setor dá emprego direto a 44 mil pessoas e representa mais de 5% do PIB, com 81% em exportações, apesar da significativa perda de valor pela elevada importação de componentes. É, também, uma realidade laboral que reflete um ambiente instável e de baixos salários.
O setor da mobilidade está em transformação e é hoje “um cluster de atividades industriais absolutamente centrais na nossa estrutura”, conforme referiu João Neves, Secretário de Estado da Economia, durante a sessão de apresentação do documento, em Lisboa. Para o responsável, este estudo surge num tempo importante de aceleração de transformação do setor e de reconfiguração dos modelos económicos. As alterações das fontes de energia e a urgência da descarbonização “impõem um ritmo e um sentido no processo de mudança da mobilidade nas sociedades.” João Neves chamou ainda a atenção para o PRR onde vai existir “um conjunto muito significativo de medidas especificamente orientadas para o domínio da mobilidade de natureza elétrica, que vão ser decididas e contratualizadas nos próximos dias, ainda antes do verão.”
Quanto às competências e skills específicas do setor, o Secretário de Estado destaca “os vários saberes fazeres que são distintos pelo país com características próprias e em vários domínios, em que Portugal é um exemplo nas capacidades de engenharia de produto, nomeadamente na zona norte, sendo uma prova daquilo que temos para oferecer para o mundo”.
A propósito do valor humano e capital social do setor automóvel, Manuel Carvalho da Silva, coordenador do Laboratório Colaborativo para o Trabalho, Emprego e Proteção Social (CoLABOR), entidade que integrou a equipa de investigação da OIT, identificou a fragilidade dos baixos salários e a necessidade de novas qualificações. Isto para permitir que Portugal responda de forma adequada à transição verde que “pode transformar o setor por via do valor acrescentado ou conduzir a uma deslocação de produção para outras geografias.”
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Por Rita Saldanha